LOUCURA, LIBERDADE E INTEGRAÇÃO

Neste final de 2012, nada mais prazeroso do que poder compartilhar com os leitores do blog este pequeno vídeo do mestre Alejandro Jodorowsky.  FELIZ ANO NOVO A TODOS!!!

ALCOOLISMO

O 8 de Copas no tarô de Rider-Waite

Uma das cartas mais triste do tarô de Rider-Waite é o 8 de Copas. Apresenta uma imagem de desistência e afastamento da afetividade.

Não por acaso saiu-me recentemente num lançamento, representando problemas de alcoolismo. O parceiro da consulente vem se afastando de seu amor, e recusando ajuda para o problema.

Felizmente a parceira sabe agir com paciência e sabedoria. Sua carta é o Eremita.

O Eremita no tarô de Marselha-Camoin

A VERTIGEM DA LOUCURA

O Louco no baralho de Arthur Waite

Nas últimas semanas tenho experimentado grande sincronia nas tiragens da "carta do dia", e não tenho postado por absoluta falta de tempo. O cotidiano de trabalho tem sido pesado.

Mas dentre as expressões dos últimos dias, a carta do Louco foi a que revelou seu lado de sombra, cuja qualidade ainda não tinha sequer antevisto na representação de sua imagem, seja no tarô de Waite, que tenho utilizado, seja no de Marselha.

O Louco no Tarô de Marselha

Quando tirei a carta, pela manhã, associei a viagem que iria fazer neste dia, em direção ao litoral. Pensei comigo: bem, há aqui uma sincronia interessante; irei viajar, devo deixar o espírito livre e tomar cuidado com os perigos, nenhuma novidade.

Mas a loucura manifesta-se sob diversas formas, e pode ser também bastante agressiva: perdi totalmente as estribeiras, de um modo absolutamente violento e inesperado, a meio caminho do litoral. A melhor maneira de ilustrar o episódio seria dizendo que entrei mesmo em transe, um transe cego e interminável de berros e impropérios contra minha irmã. O motivo não importa: a situação pedia uma reação diante de uma atitude que fora estúpida, mas é preciso definitivamente manter o controle.

Tenho tentando extirpar a impaciência e a raiva a minha volta, mas para isso devo eliminá-las primeiro em mim mesmo. Essa consciência é pessoal e iniciática.

Loucura é vertigem, manifesta-se de modo imprevisível. Para o bem e para o mal.

O SOL É UMA ESTRELA MUITO PRÓXIMA

É sempre muito interessante como a simbologia dos arcanos pode demonstrar-se mesmo ilimitada na combinação entre eles, esquemas de disposição e a própria dupla consulente-cartomante.

Em um lançamento recente, no esquema da mandala astrológica, O Sol saiu para expressar o aspecto mental do consulente. Num primeiro momento, ainda sem desenvolver a relação de conjunto, pareceu-me evidente que a pessoa se encontrava num momento de clareza e lucidez bastante acentuado.

Porém, a partir do conjunto do jogo, e especificamente na relação do Sol com o arcano menor que fora sorteado em seguida para a mesma casa da mandala, o 7 de Espadas, a leitura correta dizia respeito a um certo excesso de franqueza por parte do consulente, e que provocava algum conflito no ambiente de trabalho e no convívio profissional. Desse modo, o jogo revelava que o mesmo estava sempre na defensiva, justificando sua postura negativa através uma auto-afirmação de transparência, franqueza, qualidades vendidas sempre como positivas.

Afinal, o conselho do oráculo veio com A Estrela:

Afinal era preciso deixar as coisas fluirem com mais harmonia. Lembrando que o sol também é uma estrela, mas muito próxima, por vezes pode convir tomar algum cuidado com sua força excessiva.

CARTAS-SEMENTE

Ainda seguindo na leitura de "Jung e o Tarô", de Sallie Nichols, a autora aponta a métrica das "cartas-semente", que marcam transições e guardam o potencial de novos crescimentos e transcendências.

Assim, de modo simplificado, ao final de cada conjunto de 3 cartas temos as lâminas de transição, segundo uma narrativa psicanalítica através da jornada do herói ou ego:

Simbolicamente, O Imperador marca a transição do meio familiar um mundo social maior, marcado por personagens masculinas e ligadas ao universo da concretização material, ou da idéia de civilização de um modo geral, na passagem da infância para a juventude.

O Carro representa o sujeito sintonizado com o destino, que não dirige nem é dirigido. Nesse estágio o herói tem um potencial de auto-percepção e de realização mais imune às interferências arquetípicas. O sujeito comanda.

A Roda da Fortuna é daquelas cartas de destino, que fogem ao livre-arbítrio, e que mudam a direção da vida para uma rota imprevisível.

A Morte é, evidentemente, outra destas carta, com sua simbologia ligada à renovação. O velho morre para dar lugar ao novo.

A Torre liga-se à iluminação repentina, à uma consciência nova que se apresenta e derruba de súbito todos os velhos conceitos e as formas obsoletas da vida. O ego é destronado e vai abaixo, e o mundo vira de ponta cabeça.

E o Sol é uma das minhas preferidas. Já no conjunto final dos Arcanos Maiores, ligada a vibrações astrais superiores e no caminho da transcendência pessoal, representa o encontro com uma espécie de plenitude. Aqui o espírito se apresenta com toda a força e vitalidade, ao mesmo tempo ciente de seus limites e pronto para resplandecer com espontaneidade, intuição, clareza e sabedoria.


O número 3 é ligado ao triângulo,  e desde Pitágoras é entendido como um algarismo com propriedades ligadas ao equilíbrio, à formação de uma nova ordem com princípio, meio e fim, uma "realidade tangível" e que metafisicamente, depois da "essência nebulosa" do ponto e da reta, que correspondem ao 1 e ao 2, diz respeito à experiência humana.

O MISTÉRIO DIVINO E A FRAQUEZA PÚBLICA

O clássico livro de Sallie Nichols, "Jung e o Tarô", que traz uma enormidade de informações simbólicas acerca das Lâminas, relata um antigo mito em torno da célebre "Papisa Joana". O livro faz também reflexões muito interessantes, que anoto aqui.

Historicamente, nunca houve uma Papisa que representasse o papel de "Suma Pontíficie" no lugar do tradicional Papa, personagem masculino. Trata-se de um conto popular de origem medieval, que carrega muita sabedoria a respeito do poder supremo da mulher e agrega um sentido especial à imagem da "mãe espiritual", presente neste Trunfo.

Segundo a tal história, uma mulher travestiu-se muito cedo de padre, e aos poucos foi galgando a hierarquia da Igreja Católica até chegar ao posto máximo. Assim, ia certa vez um cortejo religioso com o presumido Papa João carregado sobre um andor, até que durante o trajeto a verdade se apresenta - grávida, entre sangue, dores e gritos e sob os olhos estupefatos da multidão, "João" revela-se Joana, dando à luz uma criança em plena procissão.

O engraçado do relato é que, em meio a toda pompa e circunstância em torno da figura masculina num ritual para celebrar o Espírito Santo, irrompa a figura da mulher, capaz ela própria de atribuir matéria ao Espírito ao gestar e parir.

Essa imagem do parto, em meio à procissão, revela uma profunda ambiguidade da mulher na sociedade patriarcal: o dom de gerar a vida é seu mistério divino, mas também sua fraqueza pública.


Clique aqui para ler uma sinopse do livro de
Sallie Nichols:
http://books.google.com.br/books/about/Jung_E_O_Tar%C3%94.html?id=YW8DA_7l_SwC&redir_esc=y

O MEDO DA TRAVESSIA

O 6 de Espadas, na cartomancia, pode simbolizar um processo de separação.

Nestes processos entre os casais é habitual que um esteja mais fragilizado que o outro, repleto de preocupações relativas à incerteza do que se pode encontrar na outra margem.

Neste caso cabe ao barqueiro, ou àquele que tem equilíbrio, lucidez, força e destreza para conduzir a situação, avançar com cuidado, zelando pela segurança e pelo bem-estar psicológico dos seus. Ou ainda, terminar bem a viagem.

Na carta vê-se algumas porções de terra e pequenas árvores ao fundo, o que sugere que a travessia não será muito longa. As águas também estão tranquilas. A porção que se agita é aquela que está sob a ação do barqueiro, que avança.

Pois bem, a imagem de apreensão e aterramento dos passageiros deve-se então à ação do barqueiro, ao medo da própria travessia ou aos aspectos desconhecidos da outra margem? Aqui não há tempestades, o cataclismo é interno e recai sobre aquele que, fragilizado, depende da ação cuidadosa do outro para chegar ao outro lado sem afogar-se.

SÍNDROME DE VIRA-LATA

Tenho uma problema sério de insegurança.

Muitas vezes sinto-me apequenado e despreparado, questões de espírito.

Certa ocasião um amigo, rindo dessa minha parvoíce, disse-me que sofro de uma espécie de "síndrome de vira-lata", que acha que vai ser chutado em cada lugar que se apresentar. É cômico e triste, mas é verdade, pois é próximo desta imagem que muitas vezes me deixo estar. A mente, "mente"; trai-nos muitas vezes. O lado positivo é que a consciência disto tem feito ao menos com que eu tente acabar com esse problema.

Há duas semanas, mais ou menos, estava eu prestes a fazer alguns contatos profissionais, no intuito de alavancar um determinado projeto. Tirei uma carta-conselho de manhã, antes de sair, e saiu-me o 3 de Espadas.

Esta lâmina para mim já se apresentou por 2 vezes como presságio de ótimas notícias, mas apresenta uma imagem de angústia. E é este exato sentimento que se abate sobre mim quando não estou muito bem e me sinto inseguro. Obviamente, o conselho era para tentar não ficar angustiado diante das situações que iria vivenciar.

Quando vou tirar a carta para o dia e acabo vendo acidentalmente alguma outra, por cair da minha mão ou algo do gênero, presto atenção no acaso e considero o arcano que assim se presenta. E desta vez, esquecido dentro da caixinha do baralho, foi o 5 de Espadas quem se apresentou, completando assim o conselho do dia:

"Para além de não se deixar angustiar, não se sinta despreparado, utilize as capacidades  que possui e deixe a insegurança de lado" - foi o que me disse o Tarô.

E assim se fez. Trabalhei-me interiormente, correu tudo bem e o dia foi ótimo!

CLAREZA DE INTENÇÕES

A riqueza das diversas relações possíveis que se pode manter com as cartas do Tarô é realmente incrível.

No último mês, durante 2 sábados seguidos, tirei como carta do dia dois Ases.

Primeiro foi o Ás de Ouros, que animou-me tremendamente, pois contava com uma boa notícia no campo financeiro.

Entretanto, não recebi qualquer novidade durante toda a semana, coisa que foi me deixando um pouco chateado: pôxa, será que pela primeira vez irei me decepcionar na minha relação com o jogo? Estarei indo num caminho errado de interpretação? Bem, então, estarei estudando errado!

No sábado seguinte, saiu-me o Ás de Paus, que para mim possui uma vibração ainda mais elevada: diz respeito ao espírito, energia criativa (e também sexual), e um sentido de realização que não resume-se apenas à perspectiva pessoal, mas a uma transcendência consciente de sua integração no todo.

Recordando-me do Ás de Ouros do sábado anterior, conclui: bem, afinal aquilo que se anunciou semana passada está afinal mais próximo; o Ás de Paus veio confirmar a boa nova, que está mais próxima e relacionando ganhos financeiros com um trabalho criativo, e pleno na relação com os demais (como lido com artes, não pude deixar de animar-me novamente).

Porém, uma vez mais não houve novidades, e assim até o momento de escrita deste post.

De todo modo, também reverti minha decepção, concluindo que o problema residiu numa falta de clareza de intenções de minha parte, ao se tirar a carta do dia. Pois se as lâminas, sozinhas ou em combinação, proporcionam uma abordagem divinatória, é verdade que também contemplam o auto-conhecimento e o aconselhamento. Então,  ao tirar uma carta do dia, não decidindo eu o aspecto que desejo explorar, como posso querer saber o que as cartas estão dizendo?

Isto é muito importante como lição para lançamentos diversos. É uma técnica, e com tal também exige cuidado e precisão: há que se saber claramente a função da carta, conforme o método. Enfim, pondo o erro em minha própria conta, evoluo na relação com o jogo. Agora, procuro saber o que quero antes de tirar o arcano do dia.

Quanto aos Ases, bem, ao invés de estar diante de um prenúncio, estava mesmo é diante de um conselho, e os aspectos material e criativo de minha vida estão mesmo precisando de cuidados mais urgentes e atenciosos.

TRISTEZAS RIO ABAIXO

O 5 de Copas traz uma imagem de amargura, tristeza, decepção.

Algo foi abaixo, aparentemente contra o desejo da própria figura que parece inconsolável diante do que acabara de acontecer (a dimensão temporal insinuada é importante: o passado imediatamente próximo).

Mas apesar da frustração, a pessoa que se deparar com este Arcano Menor pode estar segura de que haverão pessoas queridas, amigos ou algum outro ponto de apoio reconfortante e afetivo para ampará-la: é o que representa a imagem das 2 Copas que restaram de pé, às costas da personagem.

O número 2 corresponde a uma idéia de dinâmica binária, uma energia pontencial geradora de movimento, e é o que se torna necessário fazer para deixar de sofrer: atravessar o rio que encontra-se ao fundo, purificando-se, em busca de um lugar reconfortante (olhando com atenção, há até uma ponte facilitando o caminho, e convidando à travessia); ou ainda seguir o próprio curso das águas, rumo ao desconhecido e às próximas aventuras que a vida reserva a cada um.

UM NOVO INÍCIO

Esta carta anuncia o início de um novo caminho, uma nova atividade, o começo de algo novo.

Aprender o saber-fazer algo novo é bem trabalhoso, e oferece habitualmente uma boa dose de prazer. Passando-se de aprendiz a mestre teremos sempre algo sólido já construído, uma certa riqueza, com a possibilidade de passar ao próximo a chance do aprendizado.

A cidade ao fundo indica que sua localização é propícia, e que seu novo afazer ou caminho possuirá sempre algum grau de interesse e utilidade (na Idade Média, época de origem do jogo, o naipe de ouros era associado aos mercadores).

O naipe liga o arcano mais diretamente à terra e ao plano material, prático, mas em leituras dos demais planos (sentimental, mental e espiritual) anuncia sempre um novo início com boas perspectivas futuras.

OS 4 DEGRAUS

O tarólogo Nei Naiff, em seu "Curso Completo de Tarô", que é um bom livro para principiantes, indica uma interpretação bastante bonita para os 4 naipes dos arcanos menores, associando os 4 elementos da natureza a 4 degraus da evolução individual:

OUROS - TERRA - TER, ligado ao plano material, ao instinto básico das posses, vontades e aquisições. 

ESPADAS - AR - SER, ligado ao aspecto mental, correspondente ao segundo degrau de evolução, quando ganhamos consciência de nossas vontades. SOMOS e mostramos nosso TER através das ideologias, da filosofia, da razão, das ações lógicas, do pensamento e da racionalidade. 

COPAS - ÁGUA - ESTAR, ligado ao plano sentimental, correspondente ao momento em que aprendemos a "amar a nós e aos outros,  descobrindo quem verdadeiramente somos e o que queremos". Conectado às emoções e ao inconsciente, este estágio é "totalmente individual - como os 2 anteriores - pois não podemos amar por dois nem dividir uma vingança, o mundo emocional é exclusivamente nosso: sentimentos, sonhos, fantasias, desejos, imaginações".

PAUS - FOGO - FICAR (ou TRANSCENDER, como eu mesmo prefiro classificar), ligado ao plano espiritual, ou à transcendência, em que aprendemos nossa própria finitude e passamos a considerar o outro, o "nós", despegando-se da porção negativa do ego. Enfim, "podemos seguir em frente lutando eternamente pela vontade de adquirir nosso lugar no mundo e sermos felizes". 

Alejandro Jodorowsky, que é para mim quem demonstra o entendimento mais libertário e agudo do jogo, associa o naipe de paus à energia sexual e criativa, e acho que o sexo (ou o tesão) e a criatividade podem ser mesmo as vias de expressão principais desta capacidade de realização vital desprendida, integradora e feliz. 

Venho tentando ter uma vida criativa, longe dos padrões mais rígidos e convencionais da nossa sociedade. Já senti que lutava contra ela - agora, acredito que posso integrar-me a partir de minha própria diferença. Digo isto sem querer dizer que acredito estar plenamente neste último degrau de evolução, longe disso! Em muitos aspectos e em muitos momentos entendo-me ainda no primeiro degrau, ou ainda dividido, conforme a questão e o instante, por entre os diversos níveis. Ainda tenho muito o que aprender.

CONDIÇÕES ADVERSAS

Tanto ao arcano 16, A Torre, quanto o arcano 20, O Julgamento, configuram sempre uma relação adversa em relação à pergunta feita em um lançamento.

Neste sentido são cartas de previsão, destino, cármicas, de irreversibilidade e não de livre-arbítrio, independendo portanto da vontade da pessoa, como na maioria dos arcanos.

Dentre estas, de destino, deve-se anotar ainda A Roda da Fortuna, O Dependurado, A Justiça, A Temperança e os números 8 dos arcanos menores.

O AMIGO

Se estás com problemas emocionais, mentais ou materiais, não se preocupe, tudo se resolverá através da amizade e do acordo.

Um amigo te espera.

Seja sincero, prove sua amizade e se confraternize: receberás as taças festivas e comunais da afetividade e da alegria.

O OURO DA GUARDIÃ

Assim como os Pajens ou Valetes são como Mensageiros, e os Reis como Representantes, as Rainhas do tarô são apresentam-se  como Guardiãs.

A Rainha de Ouros é portanto guardiã do verbo Ter. Saiu-me hoje de manhã, como carta do dia, figurando como conselho diante de uma discussão acerca de valores que tenho a receber: defenda o que é teu.

Sentada sob um trono em meio à ramagens floridas e animais, com roupas coloridas e uma coroa, plena e próspera, ela aparece e segura de sua própria riqueza - conserva e compraz-se com o que lhe é próprio, sua independência e seu bem-estar.

Este arcano menor pode então sugerir um esforço de conservação daquilo que nos pertence por direito, materialmente falando. Conservar aqui significa cuidados para não perder o que já se tem, mas também reivindicar com justeza aquilo que nos foi acordado e é agora devido.

A princípio suponho que a figura do coelho, no canto inferior esquerdo, sugere que deve-se agir instantaneamente, ou que alguma prosperidade se avizinhará bem rápido. O que mais poderia ser? Fertilidade? Acho que não, estamos no naipe de Ouros.

A PEDRA OCULTA

 As cartas do tarô possuem um certo caráter sincrético, congregando símbolos de diversos saberes ocultistas. 

São portanto repletas de símbolos oriundos da maçonaria, da cabala, dos rosa-cruzes e da alquimia, reunidos também em muitas mandalas ocidentais.

Um destes símbolos, o vitríolo, está presente em alguns tarôs, como o "Grimaud" ou próprio "Tarô de Marselha": trata-se desta cruz de base curva, divivindo a esfera do cetro da Imperatriz e do Imperador em três porções.

O vitríolo é a antiga denominação química para os sulfatos, dentre eles o ácido sulfúrico concentrado.

Mas o mais interessante é que, na tradição alquímica, este símbolo figura um objeto de saber, próprio dos iniciados, pois a palavra "vitríolo" (ou vitriol, em latim) é um acrônimo para a locução:

"VISITA INTERIOREM TERRAE,

RECTIFICANDOQUE,

INVENIES OCCULTUM LAPIDEM"

(V.I.T.R.I.O.L)

ou em portugês

"VIAJANDO AO INTERIOR DA TERRA,

EM PURIFICAÇÃO,

DESCOBRIRÁS A PEDRA OCULTA"

Pois então estes 2 Arcanos também posseum, assim, a insígnia do xamã, que desce às profundezas para buscar a cura e a sabedoria. Já passaram por este processo, por isso podem representar pessoas poderosas ou indicar ao consulente a realização de um movimento neste sentido, em busca de um aperfeiçoamento pessoal: "Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrarás Teu Eu Oculto".


referências
Significado da palavra "acrônimo":
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acr%C3%B3nimo

Definições para "vitríolo":
http://www.dicio.com.br/vitriolo/
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_sulf%C3%BArico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitriol

Mandalas Ocidentais em "A Mandala Alquímica", publicação disponível online: http://books.google.com.br/books?id=3EXKVKA6K5UC&pg=PA12&lpg=PA12&dq=mandala+ocidental&source=bl&ots=ZZsptbVppM&sig=Jd60nnd6NP7MaT3XSG_SCzhcKeE&hl=pt-PT&sa=X&ei=4RcTUJPCI4O6iQehrYCIAw&redir_esc=y#v=onepage&q=mandala%20ocidental&f=false

POSITIVIDADE REPENTINA

 

Dentro de um jogo o 8 Paus pode indicar um acontecimento repentino.

Em deslocamento, os bastões em movimento no ar ou estão prestes a cair ou acabaram de ser lançados: sugerem a conclusão súbita ou o início imediato de algo, normalmente um acontecimento positivo.

MEDO E SUPERSTIÇÃO

Nestes dias fiz um jogo para uma amiga, composto por diversos lançamentos diferentes, e esta carta apresentou-se na maioria das vezes. Representava afinal a própria consulente-amiga, e que na realidade morre de medo de gatos, sobretudo os pretos.

Os diversos lançamentos mostraram que sua atitude supersticiosa, demonstrada nas perguntas e nos relatos em função do jogo, nada mais é do que a projeção de um medo generalizado diante do desconhecido, e isso não só em relação ao misticismo e à espiritualidade, mas também aos mais diversos aspectos de sua vida: amor, trabalho, mudanças, viagens, saúde, etc.

Ora, se a Rainha de Paus  possui como uma de suas insígnias o girassol, que se movimenta para acompanhar a luz do Sol (símbolo de claridade, consciência, alegria e vitalidade), é suposto que a pessoa deva também aproveitar este saber e este sentido que lhe são inerentes para - como a "planta de poder" que carrega -  buscar a luz movimentando-se, mexendo-se, sem se deixar paralisar à espera de sinais e explicações supersticiosas para acidentes que "estariam dando um sinal" de que as coisas devem mudar.

Como complemento da leitura, A Força veio sugerir - através da presença de um outro felino, muito mais poderoso, num comentário quase irônico mas bastante sério e profundo - que superar o medo dos gatos é superar um medo inconsciente dos caminhos desconhecidos que a própria vida pode apresentar.

Neste arcano maior, a força do amor domina e amansa a fera, passando a contar com a energia do Leão, que é também miticamente associado ao Sol, para seu favor para a paz (vestido branco), o amor (flores), prosperidade (o amarelo do fundo e o verde dos campos) e a sublimação (montanha ao fundo).  

NO TEMPLO DE SALOMÃO

Segundo "O Livro do Tarô", de Hajo Banzhaf, as letras B e J na carta da Papisa são as iniciais de "Boas e Jachin, as colunas diante do templo de Salomão, também interpretadas como símbolos da Luz e da Escuridão".

Já tive a oportunidade de experimentar uma fagulha da força imensurável de Salomão em certos ritos xamânicos e cristãos-primitivos, porém ainda não pude me deter no estudo deste personagem tão influente na experiência esotérica.

Para entender bem a Papisa, para além de outros segredos contidos no Tarô, há que se estudar algo de Salomão, inevitavelmente.

RECARREGANDO AS BATERIAS

O 4 de Espadas pode indicar a presença de um "fantasma" anterior, a influência de um fato ou uma pessoa do passado: um trauma, uma falta, uma saudade. A espada apontando para a esquerda indica isto. As outras três espadas, no equilíbrio do numeral 3, indicam que o tempo presente é o que importa, então a presença e a influência deste passado podem não ser positivos.

Em relação ao trabalho e ao amor, este arcano menor pode indicar uma pausa forçada - falta de tempo para o amor, devido ao excesso de trabalho, por exemplo. 

O lado positivo da carta é que ela sugere, num caso, que este passado seja deixado para trás - pertence ao templo do passado e da memória e aí ficará; e no outro, que a pausa forçosa - espiritual, profissional ou afetiva - pode ser aproveitada para se recarregar as baterias e, posteriormente, voltar a dispender energia naquilo que nos faz falta.

VÍRUS E AUTORIDADES

O Cavaleiro de Espadas já saiu-me num jogo representando uma encefalite viral que minha filha contraiu.

Agressivo, este vírus provoca uma inflação da meninges, com sintomas sérios e próximos dos da meningite - com a feliz diferença de não ser tão perigosa quanto a encefalite bacteriana, que pode trazer sérias sequelas.

Na altura o jogo me tranquilizou, mas esta carta e sua representação imagética do vírus apresentou-se de forma bastante assustadora.

Neste mesmo jogo, a equipe médica veio figurada pelo 2 de Paus.

Num outro jogo recente, acerca de questões amorosas, este arcano apresentou-se representando um deputado.

ENERGIA ACELERADORA

Dependendo do jogo, o Cavaleiro de Espadas pode acelerar o da carta ao seu lado.

A título de exemplo, o Cavaleiro de Espadas ao lado do Ás de Ouros indicaria um período curto de prosperidade (ou ainda um período que chegará muito rapidamente, dependendo do contexto da pergunta):

Ou ainda A Morte, anunciada,  chegará muito rápido (e que todos os esforços para evitá-la serão em vão):